terça-feira, 20 de março de 2012

Sem direção...


Ultimamente tenho me sentido meio sem foco, andando em círculos, sabe?  E para alguém viciada em planejamentos, esse sentimento é realmente algo desesperador.
A verdade é que eu não era bem essa pessoa tão planejada; não sei dizer exatamente quando isso passou a fazer parte da minha vida, penso que ficou mais forte em 2000. Um número bem interessante para quem gosta tanto de referências.

Tenho uma relação muito complicada com o Sr. Dinheiro. Desde bem nova, dificuldades em aceitar minha real condição financeira, disfarçada em baixa alto-estima, faziam com que sentisse vontade de ter mais do que era possível.
Queria ter a boneca mais interessante, o material escolar mais moderno, a roupa da moda, enfim, tudo o que eu não tinha, e não poderia ter, era objeto de desejo de forma bastante cruel.
Para piorar a situação, era ´vítima´ de convivências que contribuíam ainda mais com esse sentimento. Enquanto criança, uma vizinha da mesma idade que tinha uma vida financeira bem mais interessante; na adolescência, uma prima que além de possuir mais condições que eu, vivia me criticando, humilhando, menosprezando.
Não me sentia com forças de me afastar. A amiga era vizinha, e a mãe dela me adorava e queria muito que fossemos colegas, e a prima, era prima, tínhamos a mesma idade, os pais incentivavam  a convivência, fora que eu era muito jovem e não tinha noção no quanto isso tudo não me fazia bem.
Claro que escrevendo assim, não consigo nem de longe retratar como eu me sentia, e como as coisas de fato aconteciam, a questão é, que hoje, eu percebo o quanto não foram positivas.
Não estou me isentando da responsabilidade pela maneira como encaminhei minha vida, mas a verdade é, as pessoas ao nosso redor contribuem muito para que alguns sentimentos ganhem força, positivos ou negativos.

Pois bem, sempre fui muito compulsiva. Comecei a trabalhar novinha, e já com meu primeiro salário gastei mais do que iria receber. Sempre foi assim.
No meu emprego mais longo, por trabalhar na área administrativa, as coisas eram de certa forma fáceis, pois eu controlava muitas coisas, então não precisava pedir muito autorização para fazer ´um vale´ a mais, ou ficar com o saldo negativo (mais uma ´contribuição´).
Depois, para piorar, aos 19 anos comecei a namorar um rapaz pelo qual era completamente ´apaixonada´. Cega, louca, obssecada. Gastava horrores na intenção de estar sempre bonita, de estar sempre o presenteando, de estar sempre ´merecedora´ daquele amor.
´Perdi` alguns anos nessa relação sofrida, principalmente por que ele não nutria respeito por mim, me traindo e me deixando sozinha grande parte do tempo.
Em 2000, me vi diante da possibilidade de redenção. Este relacionamento terminou, um basta foi dado a questão financeira, uma pessoa jóia com a qual eu poderia (e ainda posso) contar entrava na minha vida, enfim, a oportunidade de mudança que eu esperava. Neste momento eu estava com 24 anos.

Me casei em 2003.
Troquei de emprego depois de 12 anos, em 2004.
Me formei em 2007 (junto com meu esposo, no mesmo curso Administrativo).
Meu Filho, maior sonho da minha vida, nasceu no final de 2008.

Estes momentos, de certa forma, foram programados.

Neste período, sem amiga de infância, nem prima, muito menos um noivo exigente, eu continuei tendo descontroles consideráveis. Volta e meia estávamos descontrolados financeiramente, resultado dos meus impulsos, da minha compulsão.

2009 foi um ano difícil, deixei de trabalhar como empregada, por que tinha intenção de conseguir como autônoma, mas tinha acabado de ter um filho, e só então descobri o tempo que um Bebê exige (já que a dona dar-conta-de-tudo acreditava que seria capaz de conseguir cuidar da casa, do filho, ajudar o irmão num negócio, o marido num outro negócio, e ainda, desenvolver um trabalho como autônoma). Doida? Acho que sim. Mas essa exigência toda e a sensação de solidão por ficar o dia todo sozinha, sem contato com as pessoas, quase me levaram a uma depressão pós-parto.
Procurei a análise, acabei retomando ao trabalho fora em 2010. Parei a análise, e achei que as coisas estavam sobre controle.
Até que vi no impasse: ter ou não outro filho? Quando, em que momento? O que fazer da vida profissional, já que eu havia retomado ao emprego anterior, e me sentia estagnada.
Novos pensamentos perturbadores e exigentes, e estava eu de novo, frente a frente com uma possível depressão.
Sem me dar conta, ou dar a importância devida, continuei com minhas ansiedades, e em março de 2011  me vi grávida novamente. Porém, ao final de abril a gestação não poderia dar segmento, já que era anembrionária. Junto com isso, meu cunhado, internado, entre a vida e a morte. Foram dias muito sombrios.

Meu cunhado, com a graça de Deus se recupera. E eu, sofrendo em silêncio aquela angústia e aquela perda, me descontrolei totalmente, e passei a comprar de forma completamente desenfreada.

. . . muitas mudanças nos meses que sucederam o ápice da compulsão. Mas acho que vou falar disso em outro momento. . .

Estou me sentindo novamente num impasse, cheia de dúvidas, sem foco; e como estou vivendo um momento de reabilitação, estou apavorada. Há seis meses estou me ´tratando´(odeio essa palavra), mas a verdade é que estou num paralelo de cuidados, médicos, emocionais, espirituais, e, ao mesmo tempo que me sinto ansiosa por párar logo com ´isso´, me sinto insegura, com medo, assustada.

Como é complexo se sentir tão cheia de energia a ponto de achar que não tem controle dela.

Quero muito direcionar a imensidão dos sentimentos que carrego dentro de mim. Doutrinar minha mente. Domar meus impulsos. Me conhecer e reconhecer...

Intermediário


Já se passaram mais de cinco meses desde minha última postagem, e tudo que aconteceu desde então em minha vida resultou em uma mudança que jamais conseguirei mensurar.
O tempo passa realmente muito rápido, e, isso pode ser a nosso favor, ou contra nós: literalmente.
Tenho 35 anos, 10 meses e  alguns dias.

Às vezes tenho a sensação de que os joguei fora; é muito difícil acreditar que nossos erros e imperfeições, fazem parte do caminho, fazem parte do progresso, enfim, fazem parte de nós.

Em 31 de agosto de 2011 me vi diante de uma situação totalmente sem solução.  A partir de então pude vivenciar muitos “Conceitos”, conhecidos antes somente na Teoria; entre eles:
·         ‘A verdade liberta’
·         ‘Para Deus nada é impossível’
·         ‘A fé anda de mãos dadas com a felicidade’

Gostaria de escrever um post que fosse o divisor entre os posts de antes, e os posts de agora, mas percebi que não seria possível. Então, penso que o melhor é não ´falar´ deste período, e recomeçar, afinal, tenho escutado que a capacidade de ser resiliente é uma grande virtude.